sábado, 18 de outubro de 2008

Algo mendiga atenção, um algo dentro de mim. Não entendo como deveria ser, voz aguda, penetrante, como uma faca resvalada entre meus órgãos, faz minha carne vibrar no mesmo ritmo em que se põe a gemer. Dói, mas a dor que não é tragédia, de um sofrimento sem resolução.  Uma certeza há: alguma coisa quer ser dita, e eu espero, impaciente, por uma utópica revelação.   

Enfraqueço, mal respiro. Assim que solto o ar, meu peito chia, minha barriga estufa-se em um fogo gélido. Algo como uma paixão às avessas, náuseas e calafrios: estranha identidade de emoções. Não posso negar que sinto, passeando por minha espinha, a mesma sensação de estar apaixonado, logo agora, a poucos segundos de vomitar em desespero. Abraço meu corpo como se fosse a mulher amada. Apenas me sinto ainda pior.  

Pílulas, livros, memórias no papel. Tudo passa. Por enquanto, ignoro a linguagem do espírito. Sigo acreditando na vida. O esquecimento carrega o segredo da credulidade.  

Mas por quanto tempo? Qual dia terei, por fim, uma grande epifania? 

2 comentários:

coiote disse...

textos tristes e cada vez mais bonitos =~

Mel disse...

Gostei dos teus escritos.
Emocionantes!