sexta-feira, 27 de junho de 2008

A gastrite aguda é uma patologia identificada pela inflamação do epitélio estomacal. O estômago, intestinos e glândulas digestivas produzem substâncias que são responsáveis pela digestão dos alimentos que ingerimos, dentre elas, o ácido clorídrico e a pepsina. Se produzidas em doses elevadas, passam a corroer as paredes do órgão digestivo, podendo levar a ulcerações avançadas.

A manifestação mais comum da gastrite aguda é a dor, tendo quatro características fundamentais, que auxiliam no diagnóstico, tais como: tipo, localização, ritmo e periodicidade. A dor, em geral, é referida como uma queimação e, às vezes, como dor de fome. Na maioria das vezes, localiza-se "na boca do estômago", podendo o paciente apontar com o dedo o ponto doloroso.

Deuses sem por vir

O tempo foi descompassado. Do ritmo frenético do cotidiano seguem-se vozes evanescentes, opiniões mutáveis, desejos contraditórios. Pouco importa, alias, se suas causas são imateriais. Todo real é imaginado; todo imaginado é real. O estresse é dor; a dor é estresse.

A náusea que sinto é o sofrimento tentando ganhar voz. É como um eu interior querendo ser notado, dizendo, “ei, eu existo”, não mais do que um fantasma de alguém ainda vivo. Esquecido, isolado do passado e alienado do futuro. O presente simplesmente não tem mais tempo para ele. É como uma criança que chora, pede algo, não sei o que é.

Agarro-me às minhas pernas, mãos no abdômen, olhos cerrados com força. É um lampejo que passa. Tomo um copo d´água, pílulas e um pouco de ar. Ela adormece. Mais vai voltar.

“É preciso sofrer em compasso". Li isso quando tinha 16 anos. Na época não entendi muito bem. Mas algo foi gravado no meu inconsciente: nunca mais acreditei. Acreditar é, de fato, o que mantém as pessoas com os olhos voltados para frente. Jamais se viram para o ontem, senão para explicar um dever-ser. Para além disso, o passado só aparece como signo de morte; o futuro, como projeção de ensejos ou expectativas presentistas. Toda e qualquer descrença ou desecaminho são resolvidos pelo ávido recurso do todo-poderoso metafísico: Jesus, Paulo Coelho ou Hugo Chavez.

Os deuses (ou os amores?) são o recurso mais sincero da mente estropiada; a auto-ajuda, o artifício fundamental da bestialidade individualista do “eu-posso”; a política, o heróico estandarte do otimismo paternalista. Todos são externos, abstratos, incomprováveis. Uma força que liberta oprimindo. Explica a tudo pela interpolação de um devir. Mas tal por vir encerra-se no caminho do presente, absorvido pela futilidade do instante. Vive-se melhor hoje tendo um sentido estrábico para o amanhã. “Pague agora, sofra depois”.

Prefiro sofrer em compasso. Para os três tempos. Recomponho o hoje. Comunico-me com os meus demônios. Não os ignoro a golpes de coerção extra-econômica. Sofro agora, mas me nego a pagar.

É apenas no momento da perda que o objeto de desejo manifesta-se em toda sua proporção.

Um comentário:

JULIANA DE OLIVEIRA TRINDADE disse...

E ainda diz que eu escrevo melhor, cara de pau!